Em janeiro de 2025, a Aliança Evangélica Mundial (WEA) uniu-se à Aliança de Igrejas Evangélicas no Catar (ECAQ) em uma cerimônia significativa para inaugurar um centro de adoração destinado aos cristãos evangélicos na capital do país.
O projeto, avaliado em US$ 50 milhões, terá capacidade para acomodar até 10 mil fiéis simultaneamente e será construído em terras arrendadas gratuitamente pelo governo qatari. No entanto, a ECAQ enfrenta desafios financeiros para concluir a obra dentro do prazo de cinco anos estipulado, que se encerra em 2028.
O Catar, com uma população de aproximadamente 2,7 milhões, é um país predominantemente muçulmano, onde a maior parte da população é composta por expatriados (88%).
Aproximadamente 15% dessa população se identifica como cristã, sendo em sua maioria composta por trabalhadores estrangeiros oriundos de diversas regiões, como Ásia, África, Europa e América. A liberdade religiosa no Catar, embora permitida em alguns aspectos, é estritamente controlada pelo governo. Evangelização é proibida, e a conversão ao cristianismo por muçulmanos é ilegal.
Historicamente, igrejas evangélicas compostas por expatriados realizavam seus cultos em espaços privados ou alugados, já que a construção de novas igrejas era proibida. A permissão para a construção de um centro de adoração para cristãos evangélicos foi concedida pelo governo do Catar, que também forneceu as terras necessárias para o projeto, localizado no Complexo Religioso Mesaimeed, na área de Abu Hamour, fora de Doha.
De acordo com o The Christian Post, este complexo já abriga igrejas católicas, anglicanas e ortodoxas, entre outras.
O novo centro de adoração será um edifício de três andares, com auditório para até 1.700 pessoas e diversos salões de culto, além de espaços para eventos e uma livraria. A ECAQ, formada em 2005 por igrejas filipinas, conta hoje com 128 igrejas filiadas, com uma estimativa de 17.000 membros, a maioria filipinos, seguidos por africanos, indianos, árabes cristãos e outros.
Para viabilizar o projeto, a ECAQ busca apoio financeiro da WEA e de outras entidades internacionais. A aliança destaca o desafio de arrecadar os US$ 50 milhões necessários para a construção, considerando as limitações financeiras de suas igrejas filiadas.
Em um vídeo promocional, o Secretário Geral Adjunto da WEA, Rev. Samuel Chiang, ressaltou que a construção do centro de adoração é mais do que uma obra arquitetônica, sendo um “ato espiritual de adoração”.
A cerimônia também contou com a presença do Rev. Yeonjong Ju, pastor da Igreja Sarang em Seul, que, de acordo com a ECAQ, pode representar uma fonte importante de apoio financeiro para o projeto.
Apesar da aprovação governamental para a construção, a liberdade religiosa no Catar continua severamente restrita. A conversão do islamismo para o cristianismo é considerada apostasia, com penas severas previstas para quem tentar mudar de religião. A evangelização é proibida, e os cristãos não podem discutir sua fé com muçulmanos, sob risco de prisão ou deportação.
Em 2023, o Departamento de Estado dos EUA relatou que a perseguição religiosa no Catar permanece um problema significativo, com cristãos enfrentando discriminação e vigilância constante. O país ocupa o 41º lugar na Lista Mundial de Observação da Portas Abertas de 2025, que monitora a pressão enfrentada pelos cristãos em todo o mundo.
A construção deste centro de adoração, portanto, não apenas representa uma vitória para as comunidades cristãs expatriadas, mas também destaca a complexa situação da liberdade religiosa no Catar, um contexto onde a fé cristã é praticada com restrições e vigilância rigorosa.