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Um casal de idosos faleceu no mesmo dia, com dez horas de diferença, após completar 74 anos de casamento. Paschoal de Haro, de 94 anos, e Odileta Pansani de Haro, de 92, morreram em 17 de abril, na cidade de Votuporanga, interior de São Paulo.
Segundo relato da família, os dois estavam casados desde 15 de abril de 1951 e haviam celebrado o aniversário de matrimônio dois dias antes da morte, em reunião com filhos, netos e bisnetos. Durante o encontro, trocaram declarações de afeto. “Sempre falavam que partiriam juntos, e assim o fizeram”, declarou o genro Luciano Leal ao portal G1.
Odileta sofria de Alzheimer e, nos últimos anos, foi diagnosticada com câncer no intestino em estágio avançado. Desde então, foi cuidada em casa pelo marido. Com o agravamento da saúde da esposa, Paschoal passou a orar pedindo que os dois partissem juntos, conforme relato de Leal.
No dia 17 de abril, Odileta faleceu às 7h, e Paschoal morreu às 17h do mesmo dia, ambos em casa e no mesmo quarto. A família descreveu o falecimento como uma resposta às orações do idoso.
Início do relacionamento
O casal se conheceu na praça da Matriz de Votuporanga, quando Odileta tinha 15 anos e Paschoal, 18. De acordo com a família, o primeiro contato aconteceu por acaso: uma corrente que Paschoal manuseava escapou de suas mãos e foi parar no braço da jovem. A partir daquele episódio, trocaram olhares, iniciaram uma amizade e passaram a se corresponder por cartas.
Uma das primeiras cartas do jovem, datada de 3 de dezembro de 1947, dizia: “Desejaria viver ao teu lado, adivinhar os teus desejos, fazer-te feliz porque só assim eu seria feliz também. Acredito que jamais pensarei em outra mulher. Mesmo que viva mil anos me lembrarei de ti e dos momentos felizes que passei ao teu lado”.
Casaram-se em 15 de abril de 1951, na fazenda da família de Odileta. Paschoal passou a trabalhar em uma loja de tecidos e Odileta cuidava do lar. O casal teve seis filhos e formou uma grande família com netos e bisnetos.
Ações sociais
Durante a vida, os dois criaram uma organização comunitária para auxiliar pessoas em situação de vulnerabilidade em Votuporanga. Realizavam doações de enxovais para mães solteiras e distribuíam alimentos a famílias carentes.
“O casal sempre foi receptivo, amoroso e disposto a ajudar o próximo, seja lá quem for, sem distinção alguma de raça ou privilégio social”, afirmou o genro. “Dedicaram o amor que tinham um pelo outro a ajudar o próximo.”
A história de Paschoal e Odileta comoveu moradores da cidade e familiares, que descreveram o relacionamento como um exemplo de parceria e dedicação mútua ao longo de mais de sete décadas.