A figura paterna continua desempenhando um papel central no desenvolvimento das crianças e na estabilidade familiar, segundo especialistas e dados recentes. Apesar do crescimento de discursos sobre diferentes modelos familiares, pesquisadores e organizações cristãs destacam que a ausência do pais não é apenas simbólica, mas uma realidade concreta com efeitos mensuráveis na vida de milhões de crianças.
De acordo com o Departamento do Censo dos Estados Unidos, aproximadamente 23% das crianças norte-americanas vivem sem os pais biológicos. Os impactos são amplamente documentados por estudos oficiais e acadêmicos.
Segundo dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a ausência paterna está associada a maiores riscos de pobreza, evasão escolar, uso precoce de drogas, início antecipado da vida sexual, depressão e taxas elevadas de suicídio entre jovens.
Essas evidências encontram paralelos no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022 revelam que mais de 5,5 milhões de crianças brasileiras não possuem o nome do pai na certidão de nascimento. Embora nem todos os casos representem abandono, o volume preocupa especialistas e sinaliza a fragilidade da presença masculina no ambiente familiar.
Presença afetiva e espiritual
A discussão sobre o papel paterno vai além da provisão material. Na tradição cristã, a paternidade é apresentada como uma função de liderança espiritual e acolhimento. Um dos exemplos mais citados é a parábola do filho pródigo, registrada no Evangelho de Lucas 15, em que a figura do pai é retratada como alguém que espera, recebe e restaura o filho.
Para Tony Perkins, presidente do Family Research Council, “a paternidade não é um papel casual para os medianos; é um chamado ordenado por Deus que assegura a identidade de um lar e, por extensão, a vitalidade de uma república”.
Em artigo publicado pelo The Christian Post, ele afirma que “famílias que cultuam e estudam juntas apresentam taxas significativamente menores de criminalidade, abuso de drogas, depressão e tentativas de suicídio”.
As observações de Perkins são sustentadas por estudos de instituições como a Universidade de Michigan e o Pew Research Center, que apontam efeitos positivos associados à presença física e emocional dos pais. Entre os resultados observados, destacam-se melhor desempenho escolar, maior estabilidade emocional, vínculos conjugais mais sólidos e maior continuidade da fé cristã entre gerações.
Fortalecimento familiar
Com o objetivo de estimular a participação ativa dos pais na vida espiritual e emocional dos filhos, o Family Research Council lançou o Desafio Bíblico Familiar de 21 Dias, iniciado em 11 de junho. A iniciativa propõe cerca de 15 minutos diários de leitura bíblica em família, com atividades ajustadas por faixa etária. Segundo Perkins, a proposta não se limita a uma prática devocional, mas representa uma “intervenção preventiva com resultados objetivos”.
“Fortalecer a vida espiritual do lar não é apenas uma prioridade teológica; é uma estratégia comprovada de saúde pública”, escreveu o líder evangélico em artigo divulgado no portal cristão norte-americano.
Ainda que iniciativas desse tipo enfrentem barreiras práticas, especialmente em lares onde os pais não tiveram esse exemplo, Perkins argumenta que a transformação é possível. “Pais e avós precisam entender que nunca é tarde demais para melhorar”, declarou. Ele afirma que a paternidade intencional não exige perfeição, apenas disposição.
Paternidade contemporânea
Especialistas observam que, em uma cultura marcada pelo foco em desempenho profissional e conquistas externas, a função paterna corre o risco de ser negligenciada. Em muitos casos, os próprios homens passam a se distanciar emocional e espiritualmente do lar.
Segundo a epístola de Efésios 6:4, na Bíblia, a liderança espiritual do lar é atribuída ao pai. Essa liderança, porém, é descrita como pastoral, e não autoritária. A vivência dessa responsabilidade inclui momentos de oração, leitura das Escrituras, escuta ativa e ensino pelo exemplo.
Pesquisadores e líderes religiosos apontam que o envolvimento genuíno dos pais na formação espiritual e emocional dos filhos não apenas fortalece o núcleo familiar, mas pode contribuir de forma concreta para o bem-estar coletivo e para o fortalecimento de laços sociais mais amplos.