Advogados da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro resolveram dar uma chance de retratação para a petista Teônia Pereira, de 27 anos, que foi processada por Michelle Bolsonaro, de 43, após chamar a ex-primeira-dama de “ex-garota de programa”.
A fala de Teônia ocorreu durante um podcast apresentado por ela na internet. Publicamente conhecida por seu viés partidário ligado à esquerda, em dada ocasião da transmissão ela acusou a esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro de ter atuado no ramo da prostituição, mas sem apresentar qualquer prova.
Ao tomar conhecimento do fato, os defensores de Michelle Bolsonaro decidiram dar a petista a oportunidade de se retratar, provavelmente, por já preverem uma vitória judicial por calúnia e difamação, especialmente devido ao uso de meios públicos, neste caso, a internet.
A influenciadora petista, contudo, negou que tivesse cometido algum delito. “Teônia Mikaelly Pereira de Sousa, por meio de sua assessoria jurídica, esclarece que não tomou conhecimento oficial e não recebeu qualquer notificação, intimação ou citação relativa a procedimento judicial ou extrajudicial movido contra si pela pessoa de Michelle Bolsonaro”, diz a sua defesa.
Marcelo Luiz Ávila de Bessa, que representa Michelle Bolsonaro junto com o dr. Thiago Lobo Fleury, afirma que as falas são “completamente falsas e ofensivas”, mas ainda assim preferiram optar pelo menor potencial ofensivo contra a influenciadora. Confira abaixo a íntegra o texto de retratação proposto pelos advogados da ex-primeira-dama, segundo o Pleno News:
“Eu estou aqui hoje para me retratar porque menti, fui covarde e desumana.
Reconheço que ultrapassei todos os limites aceitáveis do debate público. Acusei Michelle Bolsonaro de fatos infames e mentirosos, colocando em dúvida sua honra, sua dignidade e a de sua família. Isso não foi opinião — foi pura maldade!
As divergências políticas, por mais intensas que sejam, não autorizam ninguém a desumanizar o outro. E foi exatamente isso que eu fiz. Cometi uma agressão covarde, gratuita e profundamente injusta contra uma mulher pública, uma mãe de família, uma pessoa que tem filhas — filhas que ouviram ou leram o que eu disse e que não mereciam ser feridas pelos meus desatinos. Por minha culpa, essas meninas viram a mãe delas ser humilhada em praça pública.
Disse que Michelle havia sido ‘garota de programa’, quando nunca houve nada que sustentasse tal agressão. Reproduzi um ataque vil como se fosse uma verdade popular. Isso não é coragem. Isso é covardia moral. Isso é desumanidade pública. Eu disse coisas que eu mesma jamais aceitaria que dissessem sobre mim. Usei da minha voz para destruir, para assassinar uma reputação. Fui totalmente irresponsável.
Ao repetir mentiras grotescas como se fossem verdades, atingi não apenas Michelle, mas toda a sua história. Tentei desqualificar sua postura familiar, sua fé, sua aparência. Acusei-a com palavras que carregam peso moral e social devastador. Menti que ela “incorporava um personagem”, insinuei que toda sua família era criminosa — e fiz tudo isso, repito, sem qualquer base, sem qualquer limite, sem nenhuma humanidade.
Sendo mulher, eu deveria ter compreendido o quanto é cruel atacar outra mulher, fazendo o jogo sujo que machistas e misóginos fazem. Agredi Michelle gratuitamente apenas pelo que ela representa, por sua fé, por sua aparência, por sua postura familiar. Fui contra tudo que eu mesma deveria defender.
Hoje, encaro envergonhada aquilo que fiz: fui má. Fui injusta. Fui irresponsável. Fui cruel. E mais do que tudo, fui pequena diante de uma mulher que não me atacou, mas foi atacada por mim. Admito: fui covarde e desumana. E agora, com clareza e vergonha, peço perdão à Michelle Bolsonaro — pela mentira, pela crueldade e pela maldade com que escolhi agir. Peço também que perdoe o impacto que minhas palavras causaram em suas filhas.
Política não é desculpa para perversidade. Divergência não é licença para destruição. E hoje eu entendo: quem mancha a honra do outro, suja a própria consciência. Quem espalha mentira, carrega vergonha. E essa, hoje, é toda minha! Que essa retratação seja o mínimo diante do que causei.”