O senador norte-americano Mike Lee utilizou seu perfil para reagir a uma reportagem que afirmava que o governo dos Estados Unidos, por meio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), teria financiado uma suposta fraude eleitoral contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil, algo que provocou a reação do bilionário Elon Musk.
— Se o governo dos EUA tivesse financiado a derrota de Bolsonaro por Lula, isso te incomodaria? Eu ficaria lívido. Quem está comigo nessa? — questionou Lee. Em resposta, o empresário Elon Musk afirmou: “Bem, o ‘deep state’ dos EUA fez exatamente isso.”
A expressão “deep state” é frequentemente utilizada nos Estados Unidos para descrever uma suposta estrutura de governo paralela que operaria de forma independente dos governantes eleitos. Tanto Musk quanto o ex-presidente Donald Trump têm se posicionado contra a atuação da Usaid e outras agências norte-americanas no exterior.
Repasse de recursos ao Brasil
Dados do governo dos Estados Unidos indicam que a Usaid destinou pelo menos 44,76 milhões de dólares (equivalente a R$ 267 milhões na cotação vigente à época da posse de Donald Trump) para ONGs, instituições e projetos no Brasil entre 2023 e 2024.
Os repasses incluem 20 milhões de dólares (R$ 119,2 milhões) em 2023 e 24,76 milhões de dólares (R$ 147,8 milhões) em 2024. Os valores constam no portal Foreign Assistance, que compila informações sobre a destinação de recursos do governo dos EUA para o exterior.
TSE e a Usaid
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esteve presente em ao menos dois eventos organizados em parceria com a Usaid no ano de 2021, conforme registros divulgados no site da instituição. A colaboração gerou debates e críticas em redes sociais.
O primeiro evento ocorreu em abril daquele ano, quando foi lançado o Guia de Combate à Desinformação, produzido pelo Consórcio para Eleições e Fortalecimento do Processo Político (CEPPS) sob supervisão da Usaid. Na ocasião, o TSE afirmou que participou do estudo “como exemplo de trabalho a ser replicado em outros países”.
Em dezembro de 2021, o TSE também participou de um encontro virtual internacional intitulado “Eleições e a Transformação Digital”, promovido pelo CEPPS e pela Usaid.
O evento contou com a presença do então presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, que discutiu desafios digitais para a integridade eleitoral. Durante sua participação, Barroso defendeu que plataformas de redes sociais colaborassem com as autoridades eleitorais para combater a disseminação de informações falsas.
Michael Benz, ex-chefe da divisão de informática do Departamento de Estado dos EUA, fez declarações que repercutiram no Brasil. Em entrevista ao podcast War Room, de Steve Bannon, ex-assessor de Donald Trump, Benz afirmou que Bolsonaro ainda estaria no cargo caso a Usaid não existisse.
— Se a Usaid não existisse, Bolsonaro ainda seria presidente do Brasil, e o Brasil ainda teria uma internet livre e aberta — declarou Benz.
Ele também afirmou que a entidade utilizou “dezenas de milhões de dólares do contribuinte americano” para incentivar a aprovação de projetos de lei contra a desinformação no Congresso brasileiro e financiar advogados que pressionaram o TSE para remover postagens de Bolsonaro.
Em resposta às declarações de Benz, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) defendeu investigações sobre o financiamento de organizações estrangeiras no Brasil.
— É fundamental que o Congresso Nacional e demais instituições competentes investiguem o financiamento e a atuação dessas organizações em território brasileiro. Transparência e soberania não podem ser negociadas — afirmou.
O deputado também destacou a necessidade de avaliações sobre os riscos dessa interferência para a segurança institucional e política do Brasil. Com informações: Gazeta do Povo