Os “Gladiadores do Altar” da Igreja Universal do Reino de Deus serão alvo de um protesto de adeptos de religiões afro-brasileiras de seis estados brasileiros.
O grupo de jovens com uniforme e postura militar da denominação fundada pelo bispo Edir Macedo vem sendo alvo de inúmeras críticas, e sofrendo acusações de ser uma organização paramilitar com o objetivo de perseguir adeptos da umbanda, candomblé, entre outras.
O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), chegou a dizer que teme que os “Gladiadores do Altar” se armem e ajam como o Estado Islâmico em perseguição às minorias religiosas.
Segundo o jornal O Dia, representantes de religiões afro-brasileiras farão ato de protesto e se reunirão com o Ministério Público Federal (MPF) para pedir que a Igreja Universal seja investigada.
“Sabemos do histórico de perseguições e violência contra centros espíritas e integrantes de religiões afro-brasileiras, praticadas por membros da Igreja Universal em todo o país. Líderes da umbanda e do candomblé estão preocupados com o que pode vir a ser esse novo grupo”, afirmou o advogado Luiz Fernando Martins da Silva, responsável por elaborar a petição feita ao MPF.
Baseados na Lei de Segurança Nacional (LSN), que proíbe a formação de grupos paramilitares e a propagação de conceitos discriminatórios de raça, de violência entre as classes sociais e de perseguição religiosa, os representantes das religiões afro querem que o MPF esclareça os propósitos do grupo, que é doutrinado a partir de um discurso repleto de termos dúbios, como “tomada de território”, por exemplo.
Há queixas, inclusive, pelo uso do hino “Os Guerreiros se Preparam”, número 212 da Harpa Cristã, durante as apresentações dos “Gladiadores do Altar” nas reuniões da Igreja Universal. Versos como “Os guerreiros se preparam para a grande luta; É Jesus, o Capitão, que avante os levará; A milícia dos remidos, marcha impoluta; Certa que vitória alcançará”, ganharam ares literais para os adeptos de religiões afro.
Porém, no meio evangélico, sabe-se que tanto os termos, quanto os versos do hino composto no século passado, fazem parte de uma linguagem ilustrativa e alusiva ao mundo espiritual.
O pastor João Soares da Fonseca, da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, comentou o fato e afirmou que não se pode julgar antes de saber os propósitos dos “Gladiadores”, e ressaltou que é comum da Igreja Universal usar artifícios que tragam publicidade para suas ações. “A Universal gosta muito de marketing arrojado, sensacionalista. Talvez seja mais um lance espetacular de publicidade. Acho que, por enquanto, o medo não é justificado”, opinou.
Nesse cenário, o MPF da Bahia já avisou que irá apurar se há indícios de intolerância religiosa por parte dos “Gladiadores do Altar”: “Nossa obrigação constitucional é proteger os pilares da integridade religiosa. A representação será protocolizada, distribuída, vai receber um número e um procurador da República será designado para atuar no caso” disse o procurador-chefe Pablo Barreto, de acordo com informações do Correio do Povo.