A proposta para abolir as orações diárias na Câmara dos Comuns do Reino Unido foi formalmente apresentada por membros progressistas do Parlamento britânico, sob a liderança do deputado trabalhista Neil Duncan-Jordan.
O parlamentar submeteu uma moção antecipada e encaminhou um pedido ao Comitê de Modernização para que as orações sejam removidas das sessões formais.
Duncan-Jordan argumentou que há apoio multipartidário para a medida e destacou a mudança no perfil dos parlamentares. “Orar no começo do dia parece uma prática ultrapassada. Em um ambiente de trabalho moderno, isso realmente não faz muito sentido”, declarou, segundo o The Mirror.
O parlamentar também mencionou que há uma diversidade crescente de crenças entre os membros do Parlamento, incluindo aqueles que não seguem nenhuma religião, e que estes são obrigados a aguardar do lado de fora até o fim das orações.
A tradição das orações no Parlamento britânico remonta a 1558, com a atual abordagem sendo adotada durante o reinado de Charles II. O pedido de mudança conta com o apoio da National Secular Society, que defende a separação entre religião e Estado. A moção apresentada argumenta que “o culto religioso não deve desempenhar qualquer papel nos negócios formais da Câmara dos Comuns” e pede que o Comitê de Modernização avalie “arranjos alternativos” para garantir um ambiente parlamentar igualmente acessível a todos, independentemente de crenças religiosas.
Até o momento, oito parlamentares assinaram a moção: três do Partido Trabalhista, três do Partido Liberal Democrata, dois do Partido Verde e um do Partido Nacional Escocês.
No documento enviado ao Comitê de Modernização, os signatários apontaram que 46% dos parlamentares já fazem juramentos em textos não cristãos ou optam pela afirmação secular e argumentaram que a manutenção das orações parlamentares reflete um privilégio da Igreja da Inglaterra que não condiz com a diversidade atual da instituição.
Megan Manson, chefe de campanhas da National Secular Society, defendeu a remoção das orações da agenda oficial do Parlamento. “A adoração religiosa é para indivíduos que a escolhem. Certamente não deveria ser parte dos negócios oficiais do Parlamento”, declarou. Segundo ela, os parlamentares devem ter liberdade para orar em seu tempo pessoal, mas não como parte do processo legislativo.
Iniciativas semelhantes foram propostas anteriormente. Em 2019, uma moção com o mesmo objetivo reuniu 15 signatários. O presidente da Câmara dos Comuns, Sir Lindsay Hoyle, já havia comentado sobre o tema, afirmando que “não há mal nenhum em um momento de reflexão privada para os membros antes de começarem os trabalhos da Câmara”.